sexta-feira, 23 de abril de 2010

Aquele livro.

Seguindo surpreendente cronologia de um colunista mensal...
Chego a mais um ~23~,,,

Não o 23 musical que todos já ouvimos um dia ... "Amanhã é 23, são oito dias...", que não faz nenhum sentido agora, mas aquele 23 indiferente... perdido entre o inicio e o fim de todo mês.

Mês esse que se passa, e muda tudo com um rigor sobre humano.

Porém, antes que minha dissertação se encaminhe para uma reflexão temporal suja e mal feita, tomo licença para compartilhar um pouco do que tem me chamado atenção nos trinta últimos dias.

Não se trata de divulgar uma já aclamada obra ou um aclamado autor,
mas simplesmente guardar a importância que isso tem por um instante, na leitura de um atrasado descobridor.

A riqueza de que falo, está num livro velho e um tanto esquecido, que tive o prazer de resgatar de um armário/biblioteca.
A impressão de um bloco de papel velho e inútil foi esquecida nas primeiras páginas que folheei...

Trata-se de uma narrativa de Fernando Sabino, com título "O Grande Mentecapto"...
Tal livro não necessita de publicidade nem indicações (muito menos minhas) para ser lido, ele é por si só, uma obra completa.
Que conjuga a diversão e suspense de uma vida mineira, projetados nas peripércias um personagem autenticamente mineiro, num universo de infinitos cenários mineiros...Para me fazer entender, deixo ao final, o trecho do livro que relata a primeira aventura do personagem chamado "Viramundo".

"A máquina, ameaçadoramente visível e crescendo como um demônio, apitou pela primeira vez. Depois apitou outra, mais outra - Geraldo Viramundo olhou para ela pela última vez e fechou os olhos, sentindo o dormente vibrar sob seus pés. O apito agora era continuado, as rodas ragiam nos trilhos, o barulho perdia o ritmo numa desordem de silvos e entrechoque de ferros.
Geraldo, braços ainda erguidos, lembrou-se de prometer vinte ave-marias e vinte padre nossos se o trem parasse - não se ele não morresse, mas se o trem parasse- e foi a última coisa de que ele se lembrou. Os freios rinchavam doidamente, a máquina esguichava fumaça e vapor por todos os lados, perdendo velocidadem já se podia distinguir o braço do maquinista do lado de fora em frenéticos sinais. Embora quase devagar, a locomotiva, a resfolegar como um touro enfurecido, já estava tremendamente perto quando se deteve..."

Trecho retirado do livro "O Grande Mentecapto" de Fernando Sabino, pág. 19, 27 edição, editora Record